Amarelo Jaune

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Matthew Barney - Some times I don´t get modern art...

Estamos todos ainda antenados nas atrações do Tim festival e um dos shows mais esperados e comentados foi o da Bjork. Ok. Ela pode ser super cool mas o motivo do meu post não será a cantora islandesa, mas seu marido: Matthew Barney.



Como era de se esperar de um artista no século XXI, Barney é multi: faz filmes, vídeos, instalações, esculturas, fotografias, ilustrações e performance - vem sendo descrito como principal herdeiro da arte performática dos anos 60 e 70. Ele, no entanto, prefere se intitular como um escultor e não é a toa que a hipertrofia metafísica e os limites físicos do corpo humano são inspirações constantes do seu trabalho. Como os gregos, Barney estuda minuciosamente o corpo e retrata criaturas fantásticas, como a mulher-gato e o homem-bode. Representa a mitologia do novo milênio baseada na construção de idéias opostas que se funde em uma unidade do (aparentemente) impossível. Para ele, o corpo humano seria tanto um instrumento esculturável como um órgão reprodutor. Assim, seu trabalho mais notório foi a exposição CICLO CREMASTER – fino músculo que levanta os testículos, entendido como símbolo da sexualidade masculina. Na amostra foram reunidos desenhos, esculturas, fotos, objetos e projeção de 5 filmes sobre o tema. Os vídeos aparentemente não tem enredo mas tem claros pontos relevantes sobre os estudos do artista. Um dos vídeos acontece na Isle of Man, famosa pelas corridas de carro. Imagens de carros em direções opostas e fadas super-musculosas, representa a tensão entre o homem e a máquina.

Maria Teresa Santoro conclui “Cremaster 4 sintetiza a metáfora das forças bipolares, exemplificadas nas corridas opostas, ascendente e descendente, no contraste entre corpo e máquina e suas forças, reunidos, no final das odisséias do homem e da máquina, em um terceiro composto dos dois pólos: uma forma criativa que conjuga a simetria de um real impossível.”

Representa o início da vida, no filme gravado no estádio de futebol de Bronco (onde passou sua infância) onde uvas formavam diagramas dos órgãos reprodutivos femininos e masculinos sobre a figura uterina estampada no campo. A vida começa e termina na mulhar. E, o fim, visto sob o olhar feminino, está presente em outro filme gravado em Budapeste quando mostra o sofrimento de Queen of Chain em estilo elizabetano quando morre o seu amado, o mágico Harry Houdini.

Barney explica o processo de criação: “Tudo começou a partir da escolha d e5 lugares que juntos formariam um único corpo. Eu fui até esses lugares e comecei a escrever estórias de criaturas referentes à essas locações. Outras figuras surgiram da minha própria mente a partir da concepção de corpos esculturais que necessitavam de um hospedeiro.”

Outro trabalho marcante foi o filme Drawing Restrait 9, no qual Bjork atua e colabora com a trilha sonora. Este foi bastante criticado por dar um tratamento superficial à cultura japonesa e pela atuação “desastrosa”. Outro crítico afirma ser “um filme sem embasamento sobre a cultura kitsch oriental que transforma Memórias de uma gueixa em um documentário etnográfico”.



Como todo artista de vanguarda, Matthew Barney é amado por uns e odiado por outros: Michael Kimmelman, critico do New York Times, o descreveu como “ o mais importante artista americano de sua geração.”

O próprio artista confessa que faz filmes sem um script completo. Sua arte expressa apenas a maneira como ele observa as coisas sem haver necessariamente uma consciência de tudo. Isso tudo me lembra o filme Cidade dos Sonhos que, com essa minha mania que sempre buscar o porquê de tudo, assisti várias tentando entender o roteiro e “que diabos David Lynch quer dizer com isso”. Fui vencida pelo cansaço e cheguei a conclusão de que o motivo principal do filme era essa inquietação (ou não!). De qualquer maneira, termino esse artigo respondendo Bucky no filme Dália Negra:

- Sometimes I don´t get modern art.
- Why do we need to get? Just feel it.

4 comentários:

Anônimo disse...

faz alguns anos que entrevistei barney para a revista simples, era época de montagem da bienal e ele estava se preaparando pra apresentar na pinacoteca de sp o filme de lama lâmina, rodado em salvador... bom, mas o que eu ía dizer é que ele é muuuuito pirado! no calorão ele vestia uma roupa de feltro marrom; estava barbado; e tem um olhar absurdo que transpassa o interlocutor, parece que ele está noutra dimensão quando conversa com a gente...

Daniel Hodge disse...

Muito bom o conteúdo deste blog!!
Quando eu te conheci, eu não achei que você fosse tão interesante... :-)

E ainda gosta de ilustração!
Perfeito! ;-)

Beta Germano disse...

merci!

Daniel Hodge disse...

Oi! E as atualizações do blog?
;-)