Grupo Corpo - BREU
Bom, já estava mais do que na hora de um comentário sobre o Breu, último espetáculo do grupo Corpo. Como uma apaixonada pela dança contemporânea e especialmente pelo grupo mineirinho, devo dizer que: O corpo é sempre o corpo e o balé Breu vale a pena.
No entanto, infelizmente desta fez Pederneiras não conseguiu me comover. O espetáculo é duro e difícil...quase sai com a mesma sensação que tenho nos espetáculos da Deborah Colkler: “Nossa, como são bons esses bailarinos, como eles trabalharam e sofreram. E só. Não envolve, não emociona.”. É um estilo de dança e é válido, mas não é o que o grupo se propõe. Senti falta do jeito gostoso e a da brasilidade do grupo. Senti falta daquela vontade de dançar que sempre dá quando saímos do Municipal, senti falta daquela sensação de que tudo parece tão simples e fácil (apesar de saber que não é). Talvez a tensão passada no espetáculo seja a intenção do coreógrafo já que o tema é a violência, mas perdeu a mão. Veja o exemplo de Santagutin, um balé que também trata da tensão e conflitos – entre o amor e a repressão. Você sente essa tensão nos movimentos (tenho certeza que não é o balé que os bailarinos mais gostam de dançar), mas ainda assim sai do espetáculo querendo dançar e cantar...sai do espetáculo querendo amar!
Lenine compôs a música e, em entrevista, diz que não quis escrever letra para “concentrar o foco na dança”. O papel da música em um balé foi, aqui, entendido de maneira equivocada. A música não tem que se anular para valorizar o movimento. É justamente o contrário, a música tem a importante função de ajudar o bailarino. Assim como falei no post sobre os desfiles aqui, a música é mais um elemento que se uni ao cenário, figurino, iluminação e o próprio público para compor um ESPETÁCULO. Todos esses elementos devem conversar entre si e contribuir para o resultado final que não depende somente do corpo escultural e movimentos precisos dos bailarinos ( que são maravilhosos, claro). Inclusive, são maravilhosos o suficiente para segurar composições dos maiores compositores do Brasil como Tom Zé, Arnaldo Antunes, Caetano Veloso e Milton Nascimento. Lenine não precisava ter se preocupado em fazer uma música nula.
A letra contribui ainda para a expressão do sentimento e o jogo do reconhecimento como no post aqui. Ela fica na cabeça e nos faz querer dançar também.Quem não saiu de Lecuoana cantarolando um portunhol?
Outro detalhe que gostaria de comentar é o excesso de “chão” da coreografia com o figurino em preto e branco. Ficou confuso e chato. O corpo não é o corpo sem os saltinhos e brincadeiras...Talvez tenha sido esse maior defeito de breu: a falta do humor tão característico do grupo. Talvez estejamos vivendo em um mundo tão duro e violento que quando vamos ao teatro só queremos a alegria e fantasia do palco. Só queremos, por alguns minutos, esquecer tudo e dançar um pas-de-deux.
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