Amarelo Jaune

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Análise do comercial de cerveja mais sexy do mundo

A Heineken, cerveja que nasceu em 1863 em amsterdã e recentemente foi eleita a melhor cerveja premium no teste-cego do jornal O Estado de São Paulo lançou há pouco uma campanha para anunciar o DraughtKeg, um barril pressurizado de cerca de 5 litros que pode ser comprado nos supermercados. Como o Bluebus comunicou aqui. E o Cafeina fez aqui alguns comentários que inspiraram esse post.

É bastante ousadia da Heineken apresentar o comercial como o mais sexy do mundo, principalmente estando no Brasil onde as cervejas são consumidíssimas e poderosíssimas, e fazem filas de campanhas com as principais divas nacionais seminuas e manipuladíssimas.
Alias falando desse tipo de cartaz de cerveja de bar, 95% deles seguem 3 idéias básicas:
A primeira e mais comum é da mulher extendendo um copo de cerveja em sua direção, como se entre você e ela só tivesse um copo de cerveja, e através dele você vai chegar nela.
A segunda tb muito comum é da mulher objeto, colocando o cara como um garotão retardado e a mulher como um cão apanhador de cervejas.
A terceira é do bebedor de cerveja fanfarrão, que participa de festas na praia regadas de mulheres de bikini se oferecendo em troca de um copo de cerveja.

Vamos ao filme, assista antes para falarmos dele abaixo:





O clima geral do anúncio é essa coisa meio retrô-futurista, ou futurismo retrô. A visão de futuro do passado (década de 50 a 80), que tem sido bem comum nos últimos tempos inspirando diversas áreas como design, moda, cinema e publicidade. Vou aprofundar esse assunto em um outro post.

Uma das coisas mais interessantes desse comercial é a trilha, que rapidamente entrega o clima robótico-retrô, mas continua interessante e pontua extremamente bem os momentos do comercial. Pesquisei e a trilha foi feita por um estúdio estadunidense chamado Robot Repair e a direção foi de Kael Alden e Doug Darnell. Inclusive no site deles tem algumas faixas para download, não li direito como eles liberam os direitos para usos profissionais mas eles liberam sim para você colocar em seu IPOD e ouvir.


Na primeira imagem do comercial a mulher entra andando como um robô, é engraçado ela andar como um robô, porque quando a técnologia chegar ao ponto de criar algo tão parecido com um ser humano, tão cheio de expressões e sofisticação esse robô provavelmente vai andar como um ser humano e não como um robô. O fato dela entrar andando como um robô só ilustra esse clima retrô. Porque antigamente os robôs "do futuro" eram uma pilha de latas e como tal não poderiam se movimentar de outra forma.



O próprio cabelo, maquiagem e expressão dela são caracteristicos dos anos 50. Essa cena quando ela se apresenta de frente pela primeira vez tem uma conotação da mulher perfeita, a mulher ideializada em um ponto de vista machista, que não questiona, não interroga, apenas observa com um olhar de admiração e aprovação.

O Tom esverdeado é uma estética que virou usual hoje em dia, interferir no filme com as cores da identidade do anunciante. A OI faz isso com frequência nos seus filmes. E contribui para esse clima futurista.


Em seguida a personagem se apresenta de corpo inteiro e de frente, numa pose bem simétrica. Podemos agora ver melhor a roupa dela, uma espécie de macaquinho tomara-que-caia. O acabamento tanto no busto quando no short tem umas abas sobrepostas que da uma idéia de uniformes estelares, como os do figurino do Star Wars. A cintura é bem marcada e alta como um espartilho. Olhando para a personagem do ponto de vista da "mais sexy do mundo" a Heineken não propoe uma modelo esquelética nem uma poposuda "gostosona", mas uma mulher com proporções humanas, linhas sinuosoas e bem desenhadas, ombros marcados e a expressão de boneca feliz.


Em seguida vem provavelmente a cena mais forte do filme, onde a personagem dá a luz a um barril de cerveja. Claro que não teria como tirar o barril de outro lugar senão da barriga, mas o barril poderia ter aparecido de outra forma que não saindo do ventre da personagem. Provavelmente foi intencional e uma forma de construir esse personagem "mulher perfeita" que ao invés de fazer filhos, faz barris de cerveja gelada.


Não sei se era necessário usar esses braços extras mecânicos, eles tiram a sensação que o robô é uma mulher e nos lembra que ela é feita de metal duro e frio. Para mim isso foi mais um exibicionismo técnico da produtora. Olhe o quanto é agradável a imagem do tórax humano e dos braços, a musculatura levemente definida, e quanto são desagradaveis esses braços "exterminador do futuro" saindo da axila da moça. Me lembrou também os tentáculos do Dr. Octopus do "Homem Aranha - 2" que saiam das costas dele e o ajudavam a executar as tarefas.


Essa sequência da montagem é importante, tanto para mostrar o quanto a personagem é prestativa e certeira na hora de montar a torneira, quanto para mostrar o quanto é facil colocar o produto para funcionar.

Detalhe de como a personagem é cool, ela consegue realizar seus cool tricks de montagem e ainda dar umas requebradinhas sexys de quadril.


Detalhe do braço se esticando para apanhar a tulipa. Outro cool trick da robô, esse eu acho mais válido do que os braços extras. Por outro lado me lembra coisas como "O inspetor bugiganga".


O momento do uso do produto para encher a tulipa deixou a desejar, merecia um novo truque interessante. Talvez eles tenham optado por deixar assim para realmente ficar claro o uso do produto. De qualquer forma não deixa de ser interessante uma mulher tirando um chopp de sí mesma, adeptos do "golden shower" devem ficar estimulados com a cena.


Finalizando com chave de ouro em um último truque ela se multiplica em 3. Uma visão machista de mulher perfeita precisava incluir de alguma forma a poligamia. Desta forma, multiplicada, todas são somente uma e uma é as três. Uma forma amena de propor a poligamia.
Uma versão do clássico loira-morena-ruiva representada por 3 mulheres de verde, azul e vermelho.

A estética geral da assinatura e do cenário é razoavelmente atual, seguindo a linha "acqua" popularizada pelos Sistemas da Apple. Com iluminação trabalhada e reflexo no chão.

Como referências eles devem ter se inspirado no Daft Punk, porque a trilha lembra a música Technologic e a coreografia lembra a dança do clipe Around the World. Ambos excelentes referências que valem a visita mesmo se você já conhece.

A campanha tem também um hotsite.

E aqui encerra nossa breve análise deste comercial.
Ficarei feliz de ler sua opinião, comente.
Se você quiser de uma sugestão de algum outro para analizarmos e discutirmos aqui.

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